sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Opinião Pública

 I INTRODUÇÃO

Na presente pesquisa científica da disciplina de Relações Públicas com o tema Opinião Pública, iremos abordar sobre o seu conceito, a sua enquadração na sociedade, da sua importância e do seu papel como fenômeno social.

Iremos também distingui-la de alguns conceitos ou termos aparentemente semelhantes, o sufrágio popular e as correntes de opinião.

A opinião pública é um tema extremamente sério porque, ao discuti-la, está em jogo a própria substância da liberdade do homem e da sua finalidade social.

O seu conceito vem sendo alterado ao longo dos tempos, com a revolução industrial e o surgimento da imprensa, as reivindicações deixam de representar os interesses apenas dos dominantes e passa a abranger carácter não só político, mas também social e económico.

Ultimamente ela tem sido usada como instrumento de controlo social.


II DESENVOLVIMENTO

Chama-se público ao total das pessoas que os organizadores pretendem atingir, por convite geral  ou particular, abrangendo, juntamente com os que vieram, todos aqueles que poderiam ter vindo.

Uma opinião è uma consequência de um processo mental estimulado ou iniciado por uma informação que nos chega ao conhecimento.

Ela forma-se através de circuitos de comunicação humana que nos chegam de diversas fontes e que acabam, estejamos conscientes ou inconscientes, por nos permitir expressar um juízo, quando surge a primeira oportunidade. Mas è totalmente impossível que alguém externe alguma opinião sobre matéria que desconhece.

A opinião resulta de uma informação anterior organizada, ou de um punhado perfeitamente anárquico de informações.

Para distinguirmos os factos (o acontecimento ou assunto) das opiniões, podemos aceitar o princípio de que será através da autenticidade dos factos apresentados que obteremos a legitimidade das opiniões conquistadas.

Se a opinião è um juízo manifestado por um indivíduo, por extensão poderíamos dizer que opinião pública è o mesmo juízo, mas agora expresso por um todo o povo.

Chama-se opinião pública a todo o juízo de valor poderoso, anónimo (que quase sempre se transforma numa força política, misteriosa, de oposição, de resistência contra um governo, um parlamento, uma autoridade, um candidato à governação, o poder estrangeiro, uma instituição, um comportamento, etc.) manifestado pelo público, como conjunto de pessoas que vive num determinado espaço territorial e è suscetível de se interessar por um determinado objeto.

Segundo Kimbal Young opinião pública é um conjunto de crenças a respeito de temas convertidos ou relacionados com interpretações valorativas ou significado moral de certos factos.

A opinião pública forma-se, segundo ANDRADE, C.T.S., “no calor da discussão dos componentes do público e corresponde a uma situação em que se apresentam diferentes, contrárias atitudes sociais acerca de uma questão que interessa, de alguma maneira, à comunidade”. 

Nasce das ideias e crenças individuais, que vão se aglomerando em núcleos, expandindo-se de maneira vertival (nas classes sociais) e horizontal (nos espaços geográficos), conduzidas pelos meios de comunicação, que funcionam como tuba de ressonância dos factos.

Mas, ela forma-se, pois, no interior do cérebro humano e nasce quando expressa. Por isso não existe positivamente uma mesma opinião – exatamente a mesma – na mente de todos os inúmeros indivíduos que, em geral, constituem um público.

A opinião pública é determinada, então, por  fatores de ordem psicológica, sociológica e histórica.

Na realidade, a opinião pública  segundo GRUNIG, james  E.A. “é causa e efeito das atividades de Relações Públicas. O poder da opinião pública afeta decisões gerenciais e é função dos profissionais de RPs identificar esta opinião e comunicá-la e explicá-la para a administração.

A grande base de lançamento da opinião pública é a estrutura da indústria da comunicação, composta pelos canais de televisão, emissoras de rádio, jornais e revistas, a indústria do lazer – integrada pelo cinema, teatro e eventos culturais -  e, ainda, pela cadeia gigantesca de entidades intermediárias, que se organizam para proteger grupos e sectores da sociedade. Essas entidades possuem os próprios meios de comunicação, mobilização e articulação, de forma que se somam à força da mídia de massa.

Os meios de comunicação de massa, através despersuasão direta ou indireta, têm o poder de controlar as notícias e as ideias, exercendo uma verdadeira manipulação das massas.

O sentimento coletivo ou público pode voltar-se contra ou a favor de uma organização, motivado por fatores marcadamente insignificantes ou por causas altamente relevantes.

Importância da opinião pública

A sua importância reside na necessidade da obtenção e controlo de consensos destinados a legitimar e a preservar o poder político.


Alguns grupos sociais como partidos, sindicatos, igrejas, associações, etc. não  só se identificam com a opinião pública como também a exprimem persuasivamente.

Estados físicos das opiniões

Segundo a teoria do estado físico das opiniões, Ferdinand Tönnies apresenta-nos os seguintes níveis:

  • Opiniões sólidas – quando sã expressas somente depois de convenientemente formadas no cérebro.

  • Opiniões líquidas – quando são expressas durante o próprio processo de formação no interior do cérebro.

  • Opiniões gasosas – quando são expressas antes de serem formadas.

Fases da transformação das opiniões individuais em opinião pública

  1. Agrupamento das opiniões

Fase informativa: onde as pessoas ficam a saber do acontecimento e mostram a primeira reação espontânea e categórica.

Fase de discussão: onde as pessoas agrupam-se pouco a pouco, segundo as afinidades ou a identidade dos seus interesses; a reflexão e a tomada de posição tomam o lugar das reações emocionais.

Fase de manifestação: onde ocorrem os diversos movimentos de massa como manifestações de rua, greve geral, revolta, revolução ou contra revolução que exprimem geralmente os estados patológicos da opinião pública.

  1. Sedimentação das opiniões

As opiniões de ordem estrutural estão profundamente enraizadas e resistem às mudanças com a inércia da sua inamobilidade. As opiniões de ordem conjuntural e ocorrencial oscilam entre a segurança do passado e as promessas do futuro.

A opinião pública e o sufrágio popular

A opinião pública não é um sufrágio popular.

Uma questão que devemos ter em conta e que justifica a importância do fenómeno que tem como suporte o grupo e não o indivíduo.

O sufrágio popular (eleições) é o direito constitucional de eleger um superior através do voto, onde o resultado será o somatório de todos os votos ou escolhas.

Até certo ponto o voto é obrigatório, independentemente de raça, cor, sexo, crenças, nível de conhecimento, habitat e o estatuto socio económico.

Segundo o autor Sánchez Viamonte, sufrágio é toda manifestação de voluntariedade individual que tem por objetivo conseguir a formação de uma voluntariedade coletiva com o fim de construir um governo e decidir algum problema transcendental para os interesses da nação.

A opinião pública será portanto, a opinião expressa por um grupo, bem diferente do que constitui sufrágio popular, o somatório das opiniões individuais ou particulares sobre dado tema.

A opinião pública e as correntes da opinião

Pode-se falar de opinião pública quando há um conjunto de vozes dispersas, desde que sejam representativas de grupos restritos ou de indivíduos que disponham de porta-voz (jornais, rádio, televisão, etc.) mas desde que essas vozes sejam relativamente correntes.

Se as opiniões expressas não forem correntes, homogéneas, dividindo-se em vários blocos, dificilmente se poderá falar de opinião pública o que se costuma dizer é que “a opinião está dividida”, o que se pode, então, falar, é de correntes de opinião.

Elas são o conjunto de várias vozes ou opiniões, onde não existe maioria e nem minoria e nenhum lado pode ser arrastado pelo outro, diferentemente do que acontece na opinião pública, onde existe uma maioria que arrasta a minoria.

Muitas vezes também se fala de opinião permanente ou durável, sempre que estejam em causa atitudes clássicas como a oposição ao fisco ou à burocracia e não tem nenhum interesse.

Finalmente, diz-nos, a propósito David Vitoroff, no seu «dicionário de psicologia»: “... a opinião pública é sempre estratificada:  a sociedade é composta de grupos diversos que não opinam todos da mesma maneira. Certos fatores, tais como o sexo, a idade, o nível de instrução, o habitat e o estatuto socio económico exercem, a este respeito uma influência particularmente significativo.” .

A poligamia, o incesto ou a política de “apartheid” são fatores que dão origem a correntes de opinião apenas porque sobre elas existem reflexões de pessoas pertencentes a grupos sociais que não partilham dos mesmos valores culturais ou pontos de vista constituindo assim pontos de referência.

A opinião pública como fenómeno social

Já foi afirmado que a opinião pública não pode ser encarada como um mero somatório de opiniões individuais. O indivíduo sozinho tem um comportamento que pode deferir substancialmente do seu comportamento enquanto membro de um grupo.

Estamos sem dúvida no campo social onde fatores de várias ordens interatuando vão dar origem a um resultado complexo que nada tem haver com a simples relação de causa-efeito-características dos fenómenos estudados pelas ciências da natureza.

Sendo a opinião pública um fenómeno social, o seu estudo terá de considerar, logicamente, o meio social em que ela se forma e manifesta.

De facto, o tipo de agrupamento que reúne os indivíduos é fundamental para a formação da opinião pública. Uma pequena comunidade rural ou um grande centro urbano são meios sociais diferentes que irão condicionar ou determinar a formação da opinião pública.

A opinião pública é a chave para compreendermos a natureza de muitos fenômenos sociais. Ela funciona como salvaguarda da sociedade. É de suas criações mais importantes para o próprio desenvolvimento e ajuste social.

É uma arma de defesa contra as ameaças de sistemas autoritários, uma ferramenta de avanços e mudanças e uma câmara de eco das grandes demandas sociais.

A opinião pública é um fenômeno dinâmico. Acompanha a idade, os valores e a ética de cada tempo. Por isso mesmo, conserva uma base temporal, que vai se adaptando aos siclos históricos, determinando novas direções, atenuando ou adensando conceitos e preconceitos.

A opinião pública, sendo um fenômeno social, apresenta particular interesse para os sociólogos, sobretudo os da comunicação, porque quando falamos de opinião pública implica ter em consideração alguns fatores que podem intervir na formação desse fenômeno social.

Por isso, na nossa sociedade industrial contemporânea, não podemos dissociar opinião pública de meios de comunicação de massa. Este fenômeno e as consequências que provoca são inerentes à sociedade de massa, que se caracteriza pela mobilidade, pela heterogeneidade e também por sua dispersão no espaço.

O mais importante é sabermos que a opinião pública está relacionada a um fenômeno social que pode ser de carácter político ou não, é um pouco mais que simples soma de opiniões, é influenciada por um sistema social e pelos veículos de comunicação.


III CONCLUSÃO

Com a elaboração deste trabalho de carácter investigativo chegamos a conclusão que Opinião Pública é o que geralmente se atribui à opinião geral de uma sociedade. Designação por censo comum em que se inserem as ideias consideradas corretas pela maior parte da sociedade que seguem um padrão ético-moral que é subjetivo segundo a sua cultura.

Ela depende dos meios de comunicação de massa para chegar ao povo e se manifestar.

Para existir ela deve ser diferente do sufrágio popular, ela deve representar o que a sociedade quer e não a soma do que cada um quer.

Devem existir opiniões diferentes mas  capazes de se unir e forma uma única e não opostas e dispersas, pois estaríamos, então, perante correntes da opinião.

Ela é o auxilio e a base da sociedade rural ou urbana, ela funciona como salvaguarda da sociedade.

IV BIBLIOGRAFIA

Para a elaboração deste trabalho recorremos aos seguintes livros:

  • Porto Editora: Relações Públicas (uma ciência, um diálogo, uma arte) 10º ano, 7ª edição  de Orlando Bravo; páginas (97-104)

  • Relações Públicas nas empresas modernas, 2ª edição de J. R. Whitaker Penteado; páginas (19-27)

  • Tratado de comunicação organizacional e política : capítulo 2 a comunicação nas organizações privadas; páginas (77-78)

  • Relações Públicas: Processo, Funções, Tecnologia e Estratégias de Waldyr Gutierrez Fortes; páginas (30-37)

  • Economia e Empresas de Carlos Morais.

E aos seguintes sites:

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